quarta-feira, 12 de setembro de 2012

O feto sobrevivente é um perdedor


Vazia
como a garrafa de vinho ao lado.
Desaparecendo
como o sol na janela.
Já não existe sentido
razão
justificativa
para encher meus pulmões sombrios.
Acrescentando incapacidades
Somando misérias
Escondendo humilhações
Disfarçando frustrações
Procurando conforto nos remédios
e nas drogas
Encontrando ainda mais neurose
escárnio
condenação
deterioração.
Vaias internas
externas
místicas.
Aleijada dos pensamentos
manca das virtudes
deficiente de caráter.
Doença de personalidade
e personalidade doente.
Alma morta
assombrando os vivos.
Descartável e prejudicial
como uma lâmina enferrujada.
Assassinando companhias
Propagando a dor
Torturando mentes
Obstruindo esperanças
Lambendo o esgoto
Mastigando os dias
depois cuspindo fora.
E na garganta áspera e inflamada
permanece
o gosto amargo
do fracasso
e ácido
da existência.