tag:blogger.com,1999:blog-370138001936779472024-02-08T03:32:02.962-08:00Sem saídaGiovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.comBlogger29125tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-55141685554265271962013-10-29T08:11:00.000-07:002013-10-29T09:30:52.193-07:00demaisA gastrite enfia suas garras<br />
tenho bebido demais<br />
e eu peço uma trégua<br />
tenho tido insônias demais<br />
já cansei de trocar as pilhas do relógio<br />
tenho chorado demais<br />
e as horas continuam as mesmas<br />
tenho tomado remédios demais<br />
há um alarme disparado em meu cérebro<br />
tenho reclamado demais<br />
e sua bateria é interminável<br />
tenho me desesperado demais<br />
todo meu passado está catalogado<br />
tenho pensado demais<br />
e encontro tudo que tento perder<br />
tenho me lembrado demais<br />
coleciono tantas frases engasgadas<br />
tenho fumado demais<br />
que me falta fôlego para tragar a vida.<br />
<div>
<br /></div>
Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-54572594452871293032012-09-12T18:20:00.000-07:002012-09-12T20:03:53.922-07:00O feto sobrevivente é um perdedor<br />
Vazia<br />
como a garrafa de vinho ao lado.<br />
Desaparecendo<br />
como o sol na janela.<br />
Já não existe sentido<br />
razão<br />
justificativa<br />
para encher meus pulmões sombrios.<br />
Acrescentando incapacidades<br />
Somando misérias<br />
Escondendo humilhações<br />
Disfarçando frustrações<br />
Procurando conforto nos remédios<br />
e nas drogas<br />
Encontrando ainda mais neurose<br />
escárnio<br />
condenação<br />
deterioração.<br />
Vaias internas<br />
externas<br />
místicas.<br />
Aleijada<span class="Apple-style-span" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(26, 26, 26, 0.292969);"> dos pensamentos</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(26, 26, 26, 0.292969);">manca das virtudes</span><br />
<span class="Apple-style-span" style="-webkit-tap-highlight-color: rgba(26, 26, 26, 0.292969);">deficiente de caráter.</span><br />
Doença de personalidade<br />
e personalidade doente.<br />
Alma morta<br />
assombrando os vivos.<br />
Descartável e prejudicial<br />
como uma lâmina enferrujada.<br />
Assassinando companhias<br />
Propagando a dor<br />
Torturando mentes
<br />
Obstruindo esperanças<br />
Lambendo o esgoto<br />
Mastigando os dias<br />
depois cuspindo fora.<br />
E na garganta áspera e inflamada<br />
permanece<br />
o gosto amargo<br />
do fracasso<br />
e ácido<br />
da existência.Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-64961199232737777492012-07-31T17:02:00.001-07:002012-07-31T17:12:09.613-07:00uma (ou várias) velas que estão se apagando<div style="text-align: justify;">
<br /></div>
<div style="text-align: justify;">
Eu nunca tinha sentido a morte tão próxima assim. Eu conseguia vê-la rondando seu seu corpo que respirava com extrema dificuldade.Cada vez que o ar entrava em seus pulmões cansados, parecia que seria sua última vez. Eu reparava em seu peito, para ter certeza que ele estava vivo, enquanto a próxima respiração agoniante e fraca não vinha. Seus olhos verdes estavam naquele meio termo terrível, meio abertos, meio fechados - como eu só tinha descoberto a existência pelos filmes. Mesmo assim, ele não enxergava nada. Os olhos não conseguiam nem mais piscar, estavam imóveis num triste infinito. Peguei em sua mão e era como se eu estivesse encostando em um boneco. Seus movimentos dependiam dos meus. Se eu soltasse sua mão, ela cairia. Sua cabeça estava caída pro lado, sem força alguma para se manter ereta. Então era aquilo. Aquilo que eu havia temido desde sempre, aquilo que tirava pessoas que eu amava de perto de mim, que as levava para aquela tenebrosa caixa de madeira e que um dia me levaria também. Aquilo era a única certeza que tinham me alertado desde pequena, que eu pensava que conseguiria talvez um dia burlar de alguma forma ou outra. Eu queria pegar na mão dele e tirá-lo dali, de perto dela, daquilo, pois sabia que ela estava flanando em volta dele, pronta para sugar sua alma e seu sangue. Eu nunca havia visto o sofrimento tão de perto. Os instantes finais eram piores que qualquer imaginação macabra. Enquanto as outras pessoas que estavam no quarto conversavam sobre banalidades ridículas ele lutava pra conseguir mais um suspiro. Chegaram ao ponto de falar que ele estavam no estágio final mesmo ele ainda estando ali, mesmo ele ouvindo, por mais imóvel que estivesse sua expressão. Eu gritei calem-se vocês não percebem que ele só precisa de tranquilidade, percebam que um dia vocês estarão no lugar dele e ajam com mais humanidade mas ninguém me ouviu. Eu tinha trocado no máximo umas 40 palavras com ele durante toda a vida. Mas não era justo. Não era certo um homem chegar naquele ponto, em que os médicos desistem e a família perde a capacidade de colocar-se no lugar do outro, que dor vira aceitação e que os anjos parecessem ignorar o sofrimento. A dor dura, a dor persiste, a dor consome. A dor é a única coisa que seu corpo consegue expressar e seu peito pode sentir. Que os malditos médicos colocassem um remédio para dopá-lo para que não ficasse daquele jeito, como um animal atropelado esperando para que a morte decida a hora de o levar. O final é igual pra todos, estamos todos adiando, virando a ampulheta ao contrário como se houvesse uma esperança, mas não há. Sou pessimista porque a vida é pessimista, mas mesmo assim, não entendo porque ela, aquilo, não o levou logo de uma vez, porque está fazendo ele ter dor angústia e falta de fé, sentir a vida sendo devorada a cada respiração,ouvir tanta merda das pessoas que mais deveriam confortá-lo, esperar em vão a compaixão dos céus. A dor dele massacra meu peito, me dá vontade de chorar, de gritar, de implorar, que Deus por favor, se você se existir, me dê, nos dê, uma esperança de qualquer coisa depois daqui, porque não dá pra viver só com essa certeza de treva, escuridão, sufoco, desespero. Quis passar pra ele uma coisa boa que nem sabia se tinha, pedi aos que já foram ajuda e conforto, encontrei orações de onde nunca fui capaz de procurar, tudo para tentar amenizar essa falta de paz em seu corpo e espírito, que pareciam agonizar juntos. De um jeito ou de outro os que amamos serão ele e nós seremos ele e essa terrível identificação é inevitável. A dor dele dói em mim porque sou ele, somos ele e não há nada a fazer senão esperar pelo alívio final que de alívio não tem nada.</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-21851567911718816322012-02-23T17:51:00.007-08:002012-02-23T18:15:54.283-08:00At Eternity's Gate<p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; "></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; "><span></span></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; "></p><p class="MsoNormal" style="margin-bottom: 0.0001pt; "></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>O soco invisível</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>atinge novamente meu estômago.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Engulho seco</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>e fecho os olhos.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Imploro aos céus</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>que seja mais uma tristeza passageira.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span style="font-size: 100%; ">Mas eu sinto em meus ossos</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span style="font-size: 100%; ">sua singularidade característica.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Sei cada mínimo sintoma</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>que invade minha mente</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>e perturba meu corpo.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Ela me prende na cama</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>por dias a fio.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Faz o choro vir</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>com intensidade e insanidade.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Vira minha sombra</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>e persegue todos os meus passos.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Constrói teias e nós</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>em meus pensamentos.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Fico inquietamente</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>quieta.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Não me satisfaço</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>com meu prazer mais almejado.</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>Depois de me tornar apática</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>como um cadáver,</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>ela me oferece a morte</span></p><p class="MsoNormal" style="margin-top: 0px; margin-right: 0px; margin-bottom: 0.0001pt; margin-left: 0px; background-color: rgba(255, 255, 255, 0.917969); "><span>como último e único consolo.</span></p><p></p><p></p><p></p><p></p>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-60329606865646839822011-01-28T09:08:00.000-08:002011-01-28T09:09:15.210-08:00<div>O coração lateja mais</div><div><br /></div><div>Tive um corte grave no corpo</div><div>pela primeira vez.</div><div>Sujei as paredes</div><div>e os azulejos</div><div>de sangue.</div><div>Tentei amarrar </div><div>o pé ferido</div><div>com uma toalha azul,</div><div>mas logo o sangue </div><div>a transformou em roxa.</div><div>Meu pai me levou ao hospital.</div><div>Levei pontos.</div><div>O corte foi profundo,</div><div>o médico disse.</div><div>Meu pai não tem</div><div>a mínima ideia </div><div>que me causou cortes</div><div>muito mais profundos</div><div>que esse.</div><div>É irônico</div><div>justamente ele</div><div>ter me levado ao hospital.</div><div>Ao invés do médico,</div><div>ele que deveria estar costurando</div><div>minhas feridas.</div><div>Mas acontece o contrário,</div><div>meu pai reabre </div><div>meus machucados</div><div>causando uma dor </div><div>muito mais abundante</div><div>do que todo aquele sangue que vi.</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-83204683479747741412010-10-29T13:07:00.000-07:002010-10-29T13:09:50.316-07:00Sacada<!--[if gte mso 9]><xml> <w:worddocument> <w:view>Normal</w:View> <w:zoom>0</w:Zoom> <w:trackmoves/> <w:trackformatting/> <w:hyphenationzone>21</w:HyphenationZone> <w:punctuationkerning/> <w:validateagainstschemas/> <w:saveifxmlinvalid>false</w:SaveIfXMLInvalid> <w:ignoremixedcontent>false</w:IgnoreMixedContent> <w:alwaysshowplaceholdertext>false</w:AlwaysShowPlaceholderText> <w:donotpromoteqf/> <w:lidthemeother>PT-BR</w:LidThemeOther> <w:lidthemeasian>X-NONE</w:LidThemeAsian> <w:lidthemecomplexscript>X-NONE</w:LidThemeComplexScript> 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No mais, a cidade está silenciosa. Resolvi escrever em um lugar diferente, fora do meu quarto, azul de tanta fumaça de cigarro. Estou sentada na rede, na sacada do quarto dos meus pais. Não sei por que insisto em chamar de quarto-dos-meus-pais, já que minha mãe não mora mais aqui.<span style=""> </span>Uma neblina roxa acinzentada domina todo meu campo de visão para as construções mais distantes. Vejo prédios de vários tamanhos e formas, mas meio ofuscados devido á neblina. Uma chuva fina, quase imperceptível, cai do céu. Só consigo enxergá-la devido a luz amarelada do poste aqui da frente. A chuva não faz barulho nenhum. Só ouço algumas gotas maiores caindo do telhado e das árvores. Reparando um pouco mais na árvore aqui do jardim, percebo o quanto ela cresceu. Quando me mudei ela era menor que eu. Hoje, ela é mais alta que minha casa. Meu pai tava querendo cortá-la dia desses. Eu insisti para que ele não o fizesse. Não acho que ele me deu ouvidos, simplesmente deve ter esquecido. Me lembro de alguns natais em que a árvore foi enfeitada com luzinhas coloridas. Achava tão bonito. Depois de um tempo, desistiram de enfeitar a árvore. Esse ‘desistiram’, apesar de ser em terceira pessoa, me inclui. Vejo algumas luzes acesas e me pergunto se alguém está escrevendo assim como eu. <span style=""> </span>Me pergunto se eles estão observando o mundo com tanto cuidado, assim como estou. Me pergunto se eles estão vivendo, sentindo cada batida que o coração dá.<span style=""> </span>Ou se estão só dormindo e esperando o amanhã que não existe. Olho a rua daqui da frente, está tão limpa. Isso costumava ser um ponto positivo para argumentar sobre minha cidade. Hoje, isso não me agrada. Trocaria as ruas perfeitas daqui pelas sujas de São Paulo. Ela tinha razão quando me disse que eu sou a cara de São Paulo. Prefiro sujeira exposta de que limpeza disfarçada. Prefiro as pichações, que revelam o inconformismo das pessoas do que muros claros e bem pintados. Prefiro bares abertos por toda madrugada e os semáforos mudando, vermelho verde amarelo vermelho da Avenida Paulista mostrando que o mundo não para. Estou morrendo de frio, sentido o vento bater no meu rosto e o nariz ficar gelado e não tenho o relógio do Itaú no meio da Paulista pra me dizer a temperatura. A fumaça do meu cigarro confunde-se com o ar quente da minha respiração. Gostaria de ficar aqui por mais meia dúzia de horas, mas já não sinto meus pés. Em São Paulo não estaria tão frio, pois teria ela pra esquentar meu corpo e minha alma.</p>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-21566612994848134022010-10-04T11:15:00.000-07:002010-10-04T11:31:43.416-07:00<div><b>Poema de amor</b></div><div><br /></div><div>Amor,</div><div>como você me faz</div><div>viva.</div><div>Nunca me deixa afogar</div><div>nessa solidão.</div><div>Meu pão, </div><div>é sua palavra.</div><div>Contigo,</div><div>encontro</div><div>a mais bela poesia </div><div>nas ruas.</div><div>Na tua voz,</div><div>sinto o real.</div><div>Me encontro</div><div>nas batidas do teu coração.</div><div>Respiro</div><div>a fumaça que você me solta.</div><div>Me hidrato</div><div>com o álcool do teu sangue.</div><div>Tua sujeira</div><div>limpa minha alma.</div><div>As pílulas </div><div>são inúteis</div><div>perto do teu sorriso.</div><div>Filtro</div><div>a tristeza</div><div>com tua </div><div>presença.</div><div>Meu caminho</div><div>tão escuro</div><div>encontrou uma luz</div><div>que não arde os olhos.</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-46960290026643647982010-09-29T05:28:00.000-07:002010-09-29T05:32:50.917-07:00<div><b>Casa nova, silêncio antigo.</b></div><div><br /></div><div>Rodo a chave </div><div>e dou um passo lento</div><div>para dentro de casa.</div><div>Não há ninguém sala.</div><div>Subo os degraus rastejando</div><div>e me jogo na cama macia.</div><div>Escuto ruídos da TV ligada</div><div>do quarto ao lado.</div><div>Minha mãe está em casa.</div><div>Minha presença </div><div>não faz a mínima diferença.</div><div>Continuo deitada</div><div>fitando o teto branco.</div><div>Meus pensamentos fervilham.</div><div>As questões são as mesmas</div><div>Por que você não tem interesse por mim?</div><div>Por que você não quer me ouvir?</div><div>Por que você sempre foi tão...</div><div>ausente?</div><div>A porta do quarto ao lado se fecha.</div><div>A TV é desligada.</div><div>Eu continuo imóvel na cama macia</div><div>repousando o corpo já que</div><div>descansar a mente é impossível.</div><div>E volto a me perguntar</div><div>será que quando eu for embora</div><div>você chegará a notar minha falta?</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-23422364177651019812010-08-08T09:06:00.001-07:002010-08-08T09:06:36.642-07:00<div>Primeiro herói</div><div><br /></div><div>Peguei a caneta que ele me deu</div><div>e estava cheia de pó</div><div>O pó era de calmantes</div><div>que foram esmagados por</div><div>descuido.</div><div>Poderia ser outro tipo de pó.</div><div>Meu primeiro herói</div><div>me deu</div><div>como seu último presente</div><div>uma caneta</div><div>Mas ele nem sabe o significado</div><div>que essa caneta tem pra mim.</div><div>Jamais saberá.</div><div>Ele não passou horas</div><div>escolhendo essa caneta</div><div>em vitrines.</div><div>Simplesmente ganhou</div><div>de alguém qualquer.</div><div>é uma caneta que tem uma logomarca</div><div>na tampa.</div><div>Os calmantes e as outras pílulas que tomo</div><div>tem uma íntima relação</div><div>com meu primeiro herói.</div><div>Meu primeiro herói me decepcionou</div><div>como ninguém jamais irá.</div><div>Sobrevivo graças aos comprimidos</div><div>graças as canetas</div><div>(aprendi sozinha a importância delas)</div><div>graças aos cigarros</div><div>graças ao álcool</div><div>e aos porres contínuos.</div><div>Mas nem esses porres</div><div>me deixam esquecer </div><div>um minuto sequer</div><div>do meu primeiro herói.</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-47577058009253953882010-07-05T22:54:00.000-07:002010-07-05T22:55:29.842-07:00Como é estar viva<div>Me sinto presa nas minhas roupas, nos meus hábitos, na minha cidade e principalmente, nos meus pensamentos. Eu não sei bem o que é, mas tem algo movimentando constantemente minha cabeça, como aquelas bolinhas prateadas que ficam mexendo eternamente em escritórios. Invejo sensações como: estar boiando numa piscina sem pensar em nada, ver tv sem pensar em nada, dirigir sem pensar em nada. Invejo basicamente todas as situações em que as pessoas não pensam em nada. Pensar em nada, isso é tão raro pra mim. Tudo que vou fazer parece exigir um esforço que não dou conta. Procuro lugares, procuro livros, procura bebidas que me façam não pensar. Imagino, calculo, elaboro, reflito, decifro, refaço, prevejo o futuro. Luto todos o minutos do meu dia contra minha maldita cabeça. Às vezes penso que só pode ter algo de errado comigo. Vejo as pessoas conversando despreocupadamente no bar, comendo despreocupadamente no shopping, tocando violão despreocupadamente. Por que só eu não consigo ficar despreocupada? Sei lá, esquecer o caos do mundo, da família deficiente, das amigas que não entendem, do dinheiro que falta, da profissão incerta, da pobreza, do egoísmo, da tristeza, da dor que não alivia. Fico pensando no resto desse dia terrível, nas horas que não passam, no próximo mes que vai ser igual e nas sensações repetidas do próximo ano que continuarão a perturbar meu peito. Devia ter uma pílula mágica, um tratamento, uma solução. Devia ter uma porra de uma solução para acalmar esses demônios que me incomodam de dia, tarde, noite, madrugada, primavera, verão, outono, inverno. Sossego, é isso que eu anseio. Levantar os pés pra cima e estralar as mãos atras das costas deitada em uma cama macia. Será que é pedir muito? Minha psicóloga chama tudo isso de ansiedade. Seja o nome disso, vai me deixar louca um dia. Falo isso sem nenhum exagero porque minha vontade é arrancar minha cabeça fora. Não vejo como fim da vida mas fim do desespero. De repente, me vejo conjugando o verbo aguentar na primeira pessoa com uma esperança tirada não sei de que parte do meu corpo. Não é muito verdadeiro o que repito, mas eu tento, eu tento eu tento. Tento, mesmo que inutilmente e rezo pra Deus pro Diabo pra quem quer que esteja me ouvindo. Me sinto num poço fundo, escuro e frio gritando com todo ar dos meus pulmoes, batendo insistentemente nas paredes em volta de mim. Esgasgo com meu choro arranco meus cabelos e ninguém me escuta, ninguém vem me buscar. Eu tento subir mas meu corpo está fodido, cansado demais. E também, não conseguiria, a saída é lá longe, mil vezes o meu tamanho. Vejo uma luz, a luz do dia, bem em cima de mim. Ela é brilhante, enérgica, serena, me passa quase algo como tranquilidade. Eu sei que a luz e a saída desse poço onde me encontro existem, por isso fecho os olhos e aperto os punhos e rezo. Rezo e sonho em sair desse lugar claustrofóbico. Minha cabeça é escura, profunda, assustadora igual essse poço. Estou na casa de pessoas que costumavam ser minhas amigas. Todas riem alto, esforçam-se para serem engraçadas enquanto bebo minha cerveja em silêncio. Vou para o banheiro, esfrego as mãos no rosto e fico sentada na privada por um tempo bem maior que o necessário. Estralo meu pescoço e respiro fundo. Meus dentes estão cerrados, meus maxilares latejam. Por que eu não consigo rir e conversar igual elas? Parece tão fácil, tão agradável. Não quero ouvir, não quero falar, não quero ver, não quero sentir. O grande problema (o pior,o mais fodido dos problemas) é que minha cabeça me condena impiedosamente e constantemente para essas malditas situações. Escuto conversas que tive há muito tempo e outras que nem mesmo aconteceram. Onírico e real. Vejo momentos do passado, presente futuro e todos os outros tempos verbais. Falo frases engasgadas, sentimentos reprimidos. Até grito, xingo e reclamo de tudo que não disse nesses 22 anos. Sinto, em excesso, coisas que me reviram o estômago. Minha cabeça revive meus cinco sentidos e mistura da forma mais dolorosa, intensa e crueal ficção e realidade, o que sou e o que quero ser. Como os outros agem e como queria que eles agissem. Como são as situações e como gostaria que fossem. Meus medos ficam tão perto, minhas angústias tão visíveis. Minha fraqueza exposta e pronta para ser explorada, reforçada e intensificada pelo ser humano que mais me machuca: eu mesma. Minha cabeça inventa demônios e assassina deuses. Minha cabeça envenena meu coração. Minha cabeça fode minha alma que é ingênua e persistente e continua procurando no inferno dos meus pensamentos traidores um segundo de paz.</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-29052570789255549322010-06-29T18:43:00.000-07:002010-06-29T18:45:42.867-07:00Aos mestres, com agonia<div>Eu insisto, eu insito, eu insisto. Eu sigo acreditando nas pessoas por mais que elas me provem a cada novo segundo o contrário. Logo eu que sempre me considerei desesperançosa, enxergo uma esperança infantil e ridícula em mim. Tento ser mais flexível, arrisco uma conversa durante um programa de televisão, tento um jantar num sábado à noite, sugiro um barzinho num lugar recém inaugurado. Aceito até ir pra aquela praia quando não estou com a mínima vontade. Eu insisto, eu insisto. Por medo de não ser forte o suficiente ou de ser simplesmente.. fraca. Minha pele está toda ferida, meus músculos estão completamente tensos, meu ossos doem. Os distúrbios mentais dominam a minha mente podre. Tenho pesadelos de noite e de dia o desconforto e a angústia não me deixam concentrar em nada. Estou vazia de qualquer sentimento bom. Aqui dentro do peito só lateja uma amargura doída. As lágrimas já são parte do meu rosto. Os soluços de choro estão virando íntimos. E nos desbafatos pelos bares escuto uma colecão de clichês, um punhado de merda em forma de conselhos. Estou rodeada da mais pura incompreensão. Todos gritam no meu ouvido, mas ninguém quer saber de uma palavra que meu coração tenta há tempos dizer. Sou cada vez mais só. Afasto todos com essa minha tristeza profunda que vocês plantaram em mim. Eu insisto, eu insisto, mas olha, vocês estão deixando cicatrizes perpétuas na minha alma.</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-39770257677053873142010-06-26T16:10:00.000-07:002010-06-26T16:13:07.272-07:00Parece que você precisa deixar a casa impecável pra mostrar que é digna. Mostrar que se esforça, que se dedica. Eu sou suja, mãe. Sujo todos os lugares aonde vou. Minha alma é suja, mas pelo menos é verdadeira. Não preciso ficar fingindo que sou uma pessoa perfeita, sem pecados, sem fraquezas, sem defeitos, como você faz o tempo inteiro. Você se coloca num patamar inatingível - como se fosse uma criatura divina ou algo assim . Eu estou aqui embaixo, junto com humanos. Você tenta fugir de você mesma o tempo inteiro. Eu só quero o contrário.Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-50354746711345652032010-06-24T21:56:00.001-07:002010-06-24T21:56:34.203-07:00Pena, apenas.<div>Imploro por pena, </div><div>me notem,</div><div>anotem, </div><div>apenas o traço torto.</div><div>Sou alma penada,</div><div>cumpro a pena</div><div>por riscar a vida.</div><div>Mas sem a pena,</div><div>enxergo borrado.</div><div>Sem a pena,</div><div>sinto pena,</div><div>por não valer</div><div>nem um pouco à pena.</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com2tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-11322519298357838142010-05-06T09:40:00.000-07:002010-05-07T09:58:14.181-07:00(coração a) 120 km/h<span class="Apple-style-span" style=" border-collapse: collapse; font-family:arial, sans-serif;font-size:13px;"><div><br /></div><div>Estou sentada na poltrona 23, janela</div><div>Reparo nos nomes de ruas</div><div>Cumprimento transeuntes</div><div>Leio o caderno de cultura</div><div>Deito o banco</div><div>Diminuo o ar condicionado</div><div>Fecho a cortina</div><div>Coloco o casaco</div><div>Vejo as horas</div><div>Apenas 12 minutos se passaram</div><div>Folheio livros</div><div>Bukowski e Drummond repousam tranquilamente</div><div>em minha bolsa.</div><div>Luto contra tontura</div><div>Tiro o casaco</div><div>Abro as cortinas</div><div>Analiso o céu</div><div>Está tudo tão cinza</div><div>Tipicamente cinza</div><div>Tragicamente cinza</div><div>Marginalmente cinza</div><div>Maravilhosamente cinza.</div><div>Os muros</div><div>estão quase todos pixados</div><div>Mas ainda tem um espaço</div><div>para Camila e eu</div><div>com palavras sujas</div><div>e o coraçao quente</div><div>escrevermos a nossa mais bela poesia.</div><div> </div></span>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-37863134508324005282010-04-10T09:34:00.001-07:002010-04-10T09:35:23.771-07:00<div><b><br /></b></div><div><b>Dentro do ônibus</b></div><div><br /></div><div>As luzes estão todas apagadas</div><div>menos a minha</div><div>As pessoas dormem tranquilamente</div><div>como se não existissem problemas</div><div>O relógio marca sei lá que horas</div><div>as horas mais demoradas do mundo,</div><div>eu acho.</div><div>Tempo de viagem: 6 horas e meia</div><div>Tempo psicológico: infinito</div><div>Tempo maldito</div><div>Ponteiros rodando rodando</div><div>Felicidade sumindo</div><div>Minutos me consumindo</div><div>Tempo maldito</div><div>Toma minha cerveja</div><div>Traga meu cigarro</div><div>Trepa com a minha mulher</div><div>oras,</div><div>eu só queria saber as horas</div><div>Tempo maldito</div><div>Você está engatinhando agora </div><div>E eu só queria lhe dar um empurrão</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-17025778230743842322010-03-24T18:03:00.000-07:002010-03-24T18:06:44.942-07:00<div>Ultimamente não tenho conseguido escrever nada. Ah, que fique claro: entendo por ultimamente os últimos seis meses. Não estava também perto dos livros. Não estou certa de qual foi o último livro que terminei. Talvez Feliz Ano Velho, do Marcelo Rubens Paiva, lá em São Paulo. Esse abismo entre eu e a literatura tem um nome: ansiedade. Incrível como essa sensação tem me dominado toda ordem do meu pensamento, inclusive os mais banais. Aliás, não foi só a escrita e a leitura que ficaram compromeditas, mas toda minha vida. Acho que nunca consegui definir de fato como é a ansiedade. Imagine a pior situação pela qual você já passou na vida. A notícia de que sua mãe estava internada na UTI. O resultado do vestibular que você não passou. O ar falta, o estômago lateja e se revira. O corpo todo sua frio, os músculos ficam duros,o cérebro parece que está prestes a explodir. Mas o que mais me perturba são os pensamentos. Eles são incoerentes, absurdos, intermináveis. Um pensamento vai juntando-se a outro que junta-se a outro e mais outro e mais outro, numa linha confunsa e cheia de ramificações. Qualquer atividade nesse momento parece a mais difícil possível. Tomar banho, pentear o cabelo, comer. Dentro da cabeça, milhões de vozes diferentes gritam. Agora imagine sentir isso todos os dias, desde o momento que você acorda até a hora de (tentar) dormir. Estava (e ainda estou - e pior acho que é uma sentença de que não vou conseguir me livrar) vivendo pra ansiedade. Não conseguia fazer coisas normais, como ver tv, ir pra faculdade, qualquer coisa, porque aquela linha confusa e turbulenta e infinita de pensamentos me perseguia. Não dá pra prestar atenção em nada porque a cabeça está em movimento o tempo inteiro me trazendo informações, teorias, realidade, imaginação, julgamentos, remorsos, dúvidas, suponições, misturando presente passado futuro. Sempre essa combinação nada saudável consumindo minha tranquilidade e impossibilitando minha tentativa de viver como qualquer ser humano."É coisa da sua sua cabeça", me diziam. É, é mesmo. Mas eu não consigo controlar a minha cabeça. Ela não obedece as minhas ordens. Ela entra em labirintos desesperadores e eu simplesmente não consigo sair de lá. Bom, eu não busco compreensão. Minto, busco sim. As pessoas acham que sentir-se assim é uma fraqueza, um modo de chamar atenção, sei lá, algo voluntário, como mexer o braço. Mas não é, por Deus, não é. Minha cabeça tem vida própria. Ela roubou todo meu sossego e minha capacidade de focar-me apenas no presente. Ela me fez vagar por madrugadas, impedindo meu corpo e mente de entrar em alguma espécie de relaxamento. Nunca ninguém conseguiu me deixar tão agoniada quanto ela me deixa. Tirou-me, sem dó algum, meu prazer e distração que eu tinha com as palavras. Nesse tempo reclusa, sequei todos os copos de cerveja lutando acalmar o pensamento, deitei no chão da cozinha e chorei até soluçar. Nas noites, encolhida na cama tentava puxar os pensamentos pra fora da cabeça com as minhas próprias mãos. Na maioria dos dias, os nos piores, só aguentei graças a Camila. Camila me segurou nos braços, me puxou carinhosamente do chão gelado quando eu não tinha forças nem pra sair do lugar. E sem querer, acabei sugando o brilho de sua alma, como um mendigo devora um prato de comida, com voracidade, desespero. Sempre tentei afastar as pessoas quando estava nesse estado trágico. Mas Camila insistiu. Sou como um daqueles dias cinzas e frios em que as árvores estão secas e as flores abandonadas no chão, acabo deprimindo até os mais alegres. </div><div><br /></div><div>A Camila sempre me pede pra escrever. Ela dizia "escreve nem que seja sobre a sua dificuldade de escrever". Bem, aqui estou.</div><div><br /></div><div>Como sempre, não sei aonde quero chegar. Eu sou a Giovanna e esse é meu inferno.</div>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-76469425837904285962009-12-04T19:09:00.000-08:002009-12-04T19:10:53.298-08:00Epifanias que não tivePassava da meia-noite e eu virava de um lado pra outro da cama e tentava ajeitar o travesseiro. A insônia me incomodava e junto com ela vinha uma ansiedade perturbadora. Desci as escadas, peguei a chave do carro e caminhei com pressa até a porta. Precisava acalmar minha mente e sair aquele quarto sufocante. Enquanto destrancava a porta, ouvi minha mãe me chamando e correndo nos degraus. Ela estava com sua camisola bastante amassada.<br />- Onde você está indo essa hora?<br />- Comprar cigarros, não consigo dormir.<br />- É mentira. Você está indo fumar ‘unzinho’, disse e esperou minha reação.<br />Ri e falei com convicção.<br />- Não gosto de maconha.<br />Não menti. Realmente não sinto prazer algum ao fumar maconha. Maconha não me faria relaxar para conseguir ter uma noite agradável e um sono despreocupado. Obviamente, para ter essa opinião tive que experimentar. E na maioria das vezes, só tive vontade de voltar à normalidade. Fui consumida por sensações horríveis, como o medo,o desespero, a paranóia. A famosa ‘bad trip’ que acontece raramente com as outras pessoas é rotineira pra mim quando se trata de maconha.<br />A droga mais popular do planeta não me atrai. Isso ás vezes me dá uma raiva. Além de ser barata e de certo modo socialmente aceita, ela parece ser irresistível para várias pessoas com quem convivo. Tenho uma amiga, que também escreve. Ela me contou que consegue escrever páginas brilhantes e ter epifanias depois de alguns tragos. A inveja me invade quando penso nisso. Surtos criativos seriam acessíveis sempre que eu puxasse aquele gosto doce para dentro de meus pulmões.<br />Lembro-me de outra situação que minha mãe desconfiou que eu tinha contato com maconha. Um dia ela foi procurar sei lá o que em minha gaveta. No meio de livros e papéis amassados, ela encontrou cigarrilhas tipo bali-hai soltos. Para quem não sabe eles são uma espécie de papel marrom enrolado. Minha mãe é daquele tipo clássico, não tem idéia do formato de um baseado, nem da cor, nem do cheiro.<br />Ela arregalou seus olhos e segurou o cigarro entre os dedos, apontando-o para meu rosto.<br />- O que é isso?<br />- Ué, cigarrilhas.<br />- Isso aqui é maconha, não tente me enganar.<br />- Mãe, pelo amor de Deus.<br />Revirei minha bolsa e achei uma caixa com outras cigarrilhas dentro e mostrei a embalagem pra ela. Não sei se a convenci mais pela embalagem ou pela minha cara de indignação.<br />Apesar de considerar minha mãe inteligente, percebo que ela não conhece partes importantes do mundo em que vive. E nem quer conhecer. Parece às vezes até que ela se orgulha da sua ignorância em certos âmbitos. Um moralismo ridículo permeia seus pontos de vista e suas tomadas de decisão. Sobra inocência, falta malandragem.<br />E já que não tem jeito de convencê-la de que infelizmente eu não gosto de maconha, estou preparando uma resposta para próxima vez que ela vier com essas desconfianças infundadas e estranhas.<br />- Isso aqui não é maconha, mãe. É crack.Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com5tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-40364808922664439022009-09-20T22:03:00.000-07:002009-09-20T22:22:54.200-07:00Passa da uma hora da manhã. O céu tem uma tonalidade peculiar, uma mistura de alaranjado com cinza. Gosto de descrever as coisas, as situações, as pessoas. Talvez porque seja muito mais fácil que se expor, mostrar a alma, confessar as dores, revelar a angústia de viver. Minhas costas pesam, meu corpo pede um pouquinho de trégua. Mas minha cabeça não obedece. Ela foi sempre assim, ansiosa, com pensamentos intermináveis, loucos, imbecis. Percebo, sem querer, minhas veias expostas e na hora lembro dela: Dolores. Dolores sangra por dentro e por fora. E em cada frase carregada de sentimento que ela despeja sobre mim, eu sinto junto sua agonia. Ouvi os sinos da igreja e pensei em ir até lá pedir pra Deus e para Pedro - o anjo que cuida dela - para lhe trazer um pouco de paz, para deixá-la mais tempo comigo. "Deixá-la mais tempo comigo", que eufemismo. É estranho, eu, que nunca acreditei no tempo e que tenho essa descrença tatuada no corpo, usar essa frase. Retirando o eufemismo anterior: não queria deixar ela se matar. E fodam-se os religiosos, os moralistas e todos os que arregalam os olhos com a a idéia de suicídio. Os indivíduos mais sãos que já conheci são os que já cogitaram, pelo menos uma vez, a idéia de auto-destruição. Mas, o que mais eu poderia fazer, senão rezar, estando a mais de 600 km dela? .Eu não fui até a igreja, preferi rezar em silêncio, afinal, sempre soube: igreja é algo simbólico. Sempre pensei que não era uma pessoa de muita fé, mas hoje me dei conta que era. Não só por Dolores. E não digo fé no sentido religioso, unicamente. Tenho fé nas pessoas. Fé que elas sejam mais compreensivas, menos egoístas, mais sensíveis, menos intolerantes. Acho que é essa maldita fé me fere mais a cada dia. As pessoas não mudam, ou, em casos piores, simplesmente desistem. E eu continuo. Não sei aonde isso pode me levar - certamente não à um lugar bom - mas o futuro é distante demais para ser tratado com importância. Essa fé - ou locura, na minha mais sincera definição - é na maioria das vezes, frustrante. Me sinto impotente, irrelevante, inútil. Mas Não posso culpar as pessoas, muito menos Dolores. Aliás, jamais poderia culpá-la, sendo que sinto tudo junto com ela. Jamais poderia culpá-la porque sei que ela só está a beira do abismo porque ela é exatamente como eu, preocupada, desesperada em salvar o mundo. E ás vezes, olhando pra esse mundo que tanto queremos cuidar, vemos que ninguém nos enxerga. Olhamos e vemos que somos o mais ridículo paradoxo: cheias e vazias ao mesmo tempo. Cheias de toda amargura que as pessoas nos empurram goela abaixo e vazias de nós mesmas. Bebemos até não aguentar mais pra preencher esse espaço que existe dentro de nós. Choramos escondidas, nos entupimos de remédios. Eu surto contigo, Dolores , esqueço da coesão e escrevo em terceira pessoa na minha maneira mais pura de te mostrar que você não está sozinha nesse mundo de merda.Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com3tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-17365044515786232962009-09-19T14:12:00.000-07:002009-09-19T14:15:04.115-07:00Foi mais um sábado de almoço forçado, frustrado e terrível. Olhei para frente e o vi falando com seu tom superior e egoísta habitual. As palavras iam saindo da sua boca sem parar e repetidas e eu me perguntava novamente o que estava fazendo ali. Senti vontade de gritar, de fugir, de nunca mais aparecer na sua frente. Senti vontade de chorar, chorar muito, por todas às vezes que me sentei naquela mesma cadeira daquele mesmo restaurante. Senti vontade de chorar de raiva de mim, por ter me tornado exatamente aquilo que eu mais odiava. Senti vontade de chorar me olhar e observar reflexos do que eu não gostava na minha mãe: sua submissão, sua covardia, seu silêncio, seu medo. Senti muitas vontades e não realizei nenhuma. Sanguei por dentro, como de costume. A dor me consumiu, me deixou puta e acabada e mesmo assim eu permaneci ali, atônita. Conviver com ele está me destruindo como nunca. Cada dia ele e<br />eu damos uma facada juntos em meu estômago. Eu não conseguia ver o amor que um dia já havia sentido por ele. Era só ódio, frustração, angústia. Sentia nojo das suas palavras, do seu jeito, do seu olhar. Sentia nojo de mim, sentindo nojo e ficando calada.Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-83631694439669785462009-09-19T12:45:00.000-07:002009-09-19T12:47:42.944-07:00Minha escrita acompanha alguns traços da minha personalidade. Escrevo pouco aqui porque acho certos textos pessoais demais. Tenho um medo burro e imenso de machucar os outros com o que escrevo, assim como tenho com as minhas atitudes. Bukowski deve estar gritando de raiva comigo lá do inferno. Ele disse que há apenas um juiz final do que foi escrito, que é o escritor. Ele tem razão. Assumir isso não é fácil. Mas talvez, revelando as feridas da minha alma fique mais fácil ser um pouco diferente. Sei que esse medo é nocivo pra o que quero da vida - escrever. Assim como é terrível ter que conviver comigo todos os dias com esse altruísmo nada saudável. Queria ter talento pra escrever ficção. Aliás, melhor: queria ter talento pra simplesmente não me importar.Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-70490198474254163322009-07-29T02:09:00.000-07:002009-07-29T02:12:16.327-07:00<p>Minhas unhas exibem apenas restos de esmalte preto. Torço para que minha falta de cuidado acarreque-os completamente. Minhas cutículas estão grandes, me incomodam, às vezes até sangram. Estou sozinha no bar, novamente. Acompanhada apenas pela cerveja e pelo maço de cigarro. Talvez não exista melhor companhia. Talvez exista. Na verdade, com certeza existe. Camila seria uma companhia perfeita agora. Não só agora. Camila beberia tanto quanto eu. Camila fumaria mais que eu. Camilia ia gosta da aparência desse boteco onde estou. Fotos antigas, cadeiras pesadas, paredes sujas. Almas solitárias sentadas no balcão - ou o que restou dessas almas. A verdade, Camila sabe: gostamos do nosso estilo de vida. Álcool desenfreado, conversas inúteis, fumando cada cigarro como se fosse o último madrugada adentro. A verdade é que gostamos da verdade, do real. Graças à Camila. questiono menos o motivo do Jefferson beber tanto. Sabemos que ele é infeliz e que encontra nas cervejas de cada dia uma solução, uma cura - mesmo que efêmera - para esse aperto que ele sente o tempo todo no coração. Enquanto escrevia e olhava para o teto, uma mulher de cabelos curtos veio puxar assunto comigo.</p><p>- Você está sozinha aí? perguntou com curiosidade.</p><p>-Estou sim, respondi meio sem jeito mexendo no cabelo.</p><p>-Vai ali sentar na mesa, tomar uma cerveja com a gente!</p><p>-Já vou, respondi tentando fingir que não me importava com a pressão.</p><p>- O que você está escrevendo? Disse ela arregalando os olhos para perto do meu bloquinho.</p><p>- Desabafos, apenas, respondi sem muito esfoço.</p><p>Ela me olhou nos olhos e perguntou seriamente:- Você é artista?</p><p>Ri e falei com convicção</p><p>-Não, não sou nada.</p><p>Ela ficou um pouco sem graça, mas insistiu: </p><p>-Vai ali tomar a saideira, sério! Daqui a pouco o bar já vai fechar.</p><p>-Eu ja vou. Só quero gastar mais um pouco da caneta aqui.</p><p>Então ela voltou para sua mesa e seus amigos.</p><p>Não tenho cara de artista. Não tenho jeito de artista. Muito menos escrita de artista.Escrevo por mim. Vez ou outra - com todo o eufemismo que me permito - por Camila. Camila me inspira, me move, me envolve, me embriaga com suas palavras. Camila enconta a mais bela descrição para a fumaça disforme do cigarro e para a espuma morta da cerveja. Camila vê além. Além do que o cérebro, o corpo, os objetos e a imaginação permitem. Isso é uma das características que mais me fascina: seu olhar aguçado. Olhar ímpar, insólito, intenso, incompreendido, inesgotável. Olhar sensível, sincero, sólido, sensato, sedutor. Camila é vida em cada letra. Camila é sangue jorrando, veias abertas, osso expostos, pele lasciva. Camila é cigarro aceso, copos esvaziando, frases fluindo. Camila sim que é artista. </p>Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-30543142081266897962009-06-23T20:57:00.001-07:002009-06-23T20:57:26.755-07:00Ninguém tem paciência com pessoas que bebem. Se eu não bebesse, também não teria paciência. Não ia gostar de ver os indíviduos como realmente são. As pessoas que bebem são as que menos têm limites. Mais uma cerveja e outra e quando se dá conta o dia já amanheceu.Provavelmente, não iremos manter nossos empregos. É bem provável também que não tenhamos renda fixa. Seremos despedidos depois de não conseguimos levantar por culpa da ressaca. Isso senão virarmos a noite tomando a saideira, que jamais será a última. Nossos conjugês reclamarão das vezes que chegamos tarde, por vomitarmos de madrugada e por trocarmos um passeio romântico pelo bar. Bebemos para comemorar alguma conquista ou para esquecermos algum problema que nos aflinge.Fugimos de tudo, de todos. Simplesmente porque, a realidade nos cansa.Quando bebemos conseguimos nos expressar melhor, escrever melhor. Quando bebemos no tranformamos naquela pessoa que a maioria do tempo tentamos reprimir ou ignorar. Falamos o que pensamos, fazemos o que queremos e mandamos a moral pra merda.Dizem que ficamos mais engraçados, mais efusivos e até mesmo mais inteligentes.Inventamos um mundo nosso, sem regras e restrições.Divagamos sobre inutilidades, criamos teorias, aumentamos possibilidades.De fato, não temos limites. Mas existe coisa mais chata que uma vida com limites?Quem bebe quer ir além. Passamos por cima daquele maldito super ego, que insiste em nos tranformar em cidadãos pateticamente normais.A cada gole de cerveja me sinto mais livre. Meus medos são deixados de lado.Conseguimos arrancar da nossa fraca memória cada palavras que queremos dizer.Conseguimos ser nós mesmos, sem ficarmos angustiados pela reação que a sociedade pode vir a ter.Se existe prova que o ser humano pode ser autêntico, essa prova pra mim é o álcool.Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-55722646559212262652009-05-16T22:36:00.000-07:002009-05-16T22:38:29.577-07:00O catchup estava vencido, assim como muitos dos alimentos do armário. A geladeira tinha tomates podres e alfaces murchas. A garrafa de refrigerante tinha apenas dois dedos de líquido, os quais estavam sem gás. A cesta tinha pães mofados e bolachas moles. Algumas lâmpadas da casa estavam queimadas. Outras, cobertas por insetos mortos.Os móveis estavam empoeirados. Os banheiros não tinham papel higiênico nem sabonete. E ainda por cima cheiravam mal. Parecia que ninguém se preocupava com aquela casa e é realmente isso que acontecia. Os dias de felicidade dessa casa talvez nunca existam mais. Talvez nunca tenham existido. Sinto frio e não é só porque o chão dessa casa é todo de azulejo. É um frio que vai além do sentimento físico. Não existe mais o calor de ver gente correndo, cachorro brincando, música tocando. A casa fora deixada de lado. Tudo está estragado, desarrumado, abandonado. Em alguns momentos, como agora, me sinto como essa casa. E isso dói.Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-25899997035752154352009-05-08T11:37:00.000-07:002009-05-08T11:41:00.368-07:00De mãos dadas com a tecnologiaEstamos completamente conectados. Com a chegada da globalização e da vinda de novas tecnologias, o processo de compartilhamento de informações cresceu de forma explosiva. Se as pessoas ou empresas quiserem informações sobre você, provavelmente irão conseguir. Isso faz com que uma maioria esmagadora reclame e bata o pé na luta por privacidade. Confesso que não gosto muito do que a maioria pensa. E também não concordo com todo esse medo da sociedade em existir virtualmente, Portando, minha proposta é fazê-los pensar sobre os benefícios de vivermos nessa era de super exposição.<br />Vou começar por uma experiência própria. Decidi passar o ano novo com meus amigos no Rio de Janeiro. Aliás, os convenci. O principal motivo na escolha do destino eu vou contar no próximo parágrafo. Por falta de condições financeiras para encarar a compra de uma passagem de avião para o Rio, optamos por ir de carro e dividir a gasolina. O problema era que nenhum de nós conhecia a estrada e nem mesmo a maneira de chegar até a casa da menina. Se esse problema tivesse ocorrido há meia dúzia de anos atrás, provavelmente teríamos desistido. Mas, felizmente, tínhamos o Google Earth – programa construído a partir de imagens de satélites que permite com que sejam identificadas cidades, estados, rodovias e até mesmo pessoas – como aliado.. Não tivemos dificuldade para sair do Água Verde em Curitiba e encontrar a Rua dos Inválidos, no centro do Rio.<br />A internet é uma grande estimuladora do contato entre pessoas. Conversamos desde os nossos vizinhos de bairro até moradores do outro lado do mundo. Queixosos dizem que a internet diminui a convivência. No meu caso, ela facilitou e até induziu uma convivência. O motivo da minha viagem ao Rio de Janeiro foi conhecer uma menina que conversava por internet há quatro anos. Mas não era uma menina qualquer. Ela era de fato minha amiga, daquelas que você pode ligar chorando no meio da madrugada. Estaria mentindo se dissesse que não a considero uma das minhas melhores amigas. Nos conhecemos na época dos velhos fotologs. Trocamos MSNs e quando nos demos conta a amizade virtual havia se transformado em uma relação sólida. Obviamente, não foi da noite para o dia. Ela precisou me conquistar revelando interesses, como a literatura e o jornalismo, por exemplo, e contando segredos que a mãe dela nunca sonharia. A amizade faz com que o ser humano cresça em vários aspectos. Não vou citar todos nem me prolongar nesse assunto porque seria meio cansativo. Mas opiniões diferentes e trocas de conhecimento certamente são alguns dos muitos benefícios de uma amizade. Conheci o Rio de Janeiro, gírias e botecos cariocas e uma as pessoas mais interessantes que já passaram pela minha vida graças a uma rede social.<br />Não vou esquecer também do celular, que já se tornou antigo e banal perto de tantas tecnologias. Minha vó me contou uma vez a história de quando seu pai morreu. Ele havia falecido em Paranaguá e sua irmã e seu marido estavam viajando por algum lugar do país que não me lembro qual era. Minha vó não sabia em qual hotel eles estavam – aliás, ninguém da família sabia - e ela foi encarregada dar a notícia para sua irmã. Desesperada e sem nenhuma forma de ter contato com a irmã, minha vó rezou. No dia do velório, a irmã apareceu misteriosamente lá. A irmã dela disse que tinha recebido uma ligação de uma pessoa anônima no quarto do hotel. A recepcionista do hotel garante que não transferiu nenhuma ligação para o quarto. Minha vó jura que foi uma santa que avisou a irmã. Não sei se acredito. Mas enfim, contei tudo isso para fazê-los perceber o quanto é mais fácil a vida com o celular. Minha vó não precisaria pedir ajuda aos céus caso tivesse ela e a irmã tivessem um celular em mãos.<br />Vocês devem estar pensando agora: chega de experiências, queremos fatos conhecidos, dados históricos e todas essas coisas que dão credibilidade a um artigo. Então vamos lá. O surgimento dos blogs transformou a internet. O blog permite que os usuários mostrem seu conteúdo para três, 30 ou 300 internautas. Algumas vezes isso pode até virar uma profissão, bastante atual e inspiradora. Edney Souza, mais conhecido no mundo virtual como Interney, abandou seu emprego de gerente de sistemas em 2005 para viver no seu blog. A jogada deu certo. No ano de 2007 o blogueiro faturava com seu site o dobro do salário que tinha como gerente. Esse número deve ter crescido muito mais nos dias de hoje. Edney é celebridade na internet. Seus textos e opiniões influenciam milhares de internautas. O blogueiro acertou em apostar na nova tecnologia.<br />A internet, em especial o MySpace foi responsável também pela fama da banda Arctic Monkeys. Em meados de 2003 eles começaram a gravar CDs demos e distribuí-los para o público. Porém, não existia grande quantidade de cds. Então, os fãs espertos, copiaram as músicas e as divulgaram. Hoje, a banda é conhecida no mundo inteiro e fatura milhões. Tenho uma amiga que é viciada por música. A internet fez com que ela não precisasse ir atrás de sebos para conseguir ouvir o que quer. Ela ganhou conforto e rapidez: em menos de dez minutos encontra qualquer coisa com apenas um ou dois cliques.<br />Outro ponto é que o compartilhamento de informações possibilita que sejamos mais seletivos em relação ao que consumimos. Deixamos de comprar certo produto depois que lemos opiniões negativas em alguma comunidade ou fórum. Assistimos a um filme novo, depois que termos uma indicação de alguma pessoa ou site. Podemos, e sem muita dificuldade, até mobilizar grupos de pessoas para boicotarem alguma empresa.<br />Gostaria de me estender mais sobre esse assunto, mas sei que o espaço do Lona ( jornal da minha faculdade para o qual foi escrito esse artigo) não permite muitas divagações. Só queria que vocês, antes de atirarem pedras nas tecnologias, revissem todos os benefícios que já foram proporcionados por elas. Sem o Google, email, Orkut, Twitter e MSN, teríamos uma vida milhões de vezes mais monótona. Além disso, a vida seria muito mais complicada e trabalhosa. Se com as tecnologias qualquer um pode saber quem é você, e o que você faz, então encontre uma vantagem nisso: Valorize e venda seu produto. Ah, mais uma coisa. Se você gostou desse texto, fique à vontade para visitar sempre o meu blog.Giovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com1tag:blogger.com,1999:blog-37013800193677947.post-52761922986897590942009-05-05T01:49:00.000-07:002009-05-05T01:51:06.131-07:00o que é verdade, o que é mentira?<br />os culpados não se assumem por covardia<br />qual o grande erro em errar?<br />figuras que se escondem em acusações, deduções e lamentações<br /><br />quais lágrimas são verdadeiras e não simplesmente por pena de vocês mesmos?<br />atitudes parecem planejadas, encomendadas para me trazer uma efêmera esperança<br /><br />o que vocês ganham em me enganar?<br />talvez um pouco de consolo por terem se tornado o que são<br /><br />entre justificativas e promessas repetidas busco algum vestígio de sinceridadeGiovanna Limahttp://www.blogger.com/profile/07057285251539737160noreply@blogger.com0